Código da Publicidade Médica: como divulgar corretamente por meio do marketing médico?

A Resolução do Conselho Federal de Medicina número 1974/11, também conhecida como Resolução CFM nº 1.974/11, estabelece as normas éticas para a publicidade de produtos e serviços médicos no Brasil.

Ela foi criada com o objetivo de orientar os profissionais médicos e as instituições de saúde sobre como promover seus produtos e serviços de maneira ética e respeitosa, evitando práticas desonestas ou enganosas.

A Resolução CFM nº 1.974/11 proíbe, por exemplo, a publicidade enganosa ou exagerada de produtos e serviços médicos, bem como a utilização de imagens ou expressões que possam gerar conflito de interesses ou comprometer a dignidade da profissão médica.

Ela também estabelece regras para a publicidade de medicamentos e outros produtos de saúde, exigindo que esses produtos sejam apresentados de maneira clara e objetiva, sem promessas ou garantias falsas ou exageradas.

A Resolução CFM nº 1.974/11 é um importante instrumento de orientação para os profissionais médicos e as instituições de saúde que desejam promover seus produtos e serviços de maneira ética e responsável.

É importante lembrar que o descumprimento dessas normas é passível de punição pelo Conselho Federal de Medicina e outras autoridades competentes.

Resumo da Resolução CFM nº 1.974/11

Artigo 1

Entender-se-á por anúncio, publicidade ou propaganda a comunicação ao público, por qualquer meio de divulgação, de atividade profissional de iniciativa, participação e/ou anuência do médico.

Artigo 2

Os anúncios médicos deverão conter, obrigatoriamente, os seguintes dados:

a) Nome do profissional;

b) Especialidade e/ou área de atuação, quando registrada no Conselho Regional de Medicina;

c) Número da inscrição no Conselho Regional de Medicina;

d) Número de registro de qualificação de especialista (RQE), se o for.

Parágrafo único. As demais indicações dos anúncios deverão se limitar ao preceituado na legislação em vigor.

Artigo 3

É vedado ao médico: 

a) Anunciar, quando não especialista, que trata de sistemas orgânicos, órgãos ou doenças específicas, por induzir a confusão com divulgação de especialidade; 

b) Anunciar aparelhagem de forma a lhe atribuir capacidade privilegiada; 

c) Participar de anúncios de empresas ou produtos ligados à Medicina, dispositivo este que alcança, inclusive, as entidades sindicais ou associativas médicas; 

d) Permitir que seu nome seja incluído em propaganda enganosa de qualquer natureza; 

e) Permitir que seu nome circule em qualquer mídia, inclusive na internet, em matérias desprovidas de rigor científico; 

f) Fazer propaganda de método ou técnica não aceito pela comunidade científica; 

g) Expor a figura de seu paciente como forma de divulgar técnica, método ou resultado de tratamento, ainda que com autorização expressa do mesmo, ressalvado o disposto no art. 10 desta resolução; 

h) Anunciar a utilização de técnicas exclusivas; 

i) Oferecer seus serviços por meio de consórcio e similares; 

j) Oferecer consultoria a pacientes e familiares como substituição da consulta médica presencial; 

k) Garantir, prometer ou insinuar bons resultados do tratamento; 

l) Fica expressamente vetado o anúncio de pós-graduação realizada para a capacitação pedagógica em especialidades médicas e suas áreas de atuação, mesmo que em instituições oficiais ou por estas credenciadas, exceto quando estiver relacionado à especialidade e área de atuação registrada no Conselho de Medicina.

Artigo 4

Sempre que em dúvida, o médico deverá consultar a Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame) dos Conselhos Regionais de Medicina, visando enquadrar o anúncio aos dispositivos legais e éticos. 

Parágrafo único. Pode também anunciar os cursos e atualizações realizados, desde que relacionados à sua especialidade ou área de atuação devidamente registrada no Conselho Regional de Medicina.

Artigo 5

Nos anúncios de clínicas, hospitais, casas de saúde, entidades de prestação de assistência médica e outras instituições de saúde deverão constar, sempre, o nome do diretor técnico médico e sua correspondente inscrição no Conselho Regional em cuja jurisdição se localize o estabelecimento de saúde.

Parágrafo 1º: Pelos anúncios dos estabelecimentos de hospitalização e assistência médica, planos de saúde, seguradoras e afins respondem, perante o Conselho Regional de Medicina, os seus diretores técnicos médicos.

Parágrafo 2º: Os diretores técnicos médicos, os chefes de clínica e os médicos em geral estão obrigados a adotar, para cumprir o mandamento do caput, as regras contidas no Manual da Codame, anexo.

Artigo 6

Art. 6º Nas placas internas ou externas, as indicações deverão se limitar ao previsto no art. 2º e seu parágrafo único.

Artigo 7

Caso o médico não concorde com o teor das declarações a si atribuídas em matéria jornalística, Resolução CFM nº 1.974/11 21 as quais firam os ditames desta resolução, deve encaminhar ofício retificador ao órgão de imprensa que a divulgou e ao Conselho Regional de Medicina, sem prejuízo de futuras apurações de responsabilidade.

Artigo 8

O médico pode, utilizando qualquer meio de divulgação leiga, prestar informações, dar entrevistas e publicar artigos versando sobre assuntos médicos de fins estritamente educativos.

Artigo 9

Por ocasião das entrevistas, comunicações, publicações de artigos e informações ao público, o médico deve evitar sua autopromoção e sensacionalismo, preservando, sempre, o decoro da profissão.

Parágrafo 1º: Entende-se por autopromoção a utilização de entrevistas, informações ao público e publicações de artigos com forma ou intenção de:

a) Angariar clientela;

b) Fazer concorrência desleal;

c) Pleitear exclusividade de métodos diagnósticos e terapêuticos;

d) Auferir lucros de qualquer espécie;

e) Permitir a divulgação de endereço e telefone de consultório, clínica ou serviço.

Parágrafo 2º: Entende-se por sensacionalismo:

a) A divulgação publicitária, mesmo de procedimentos consagrados, feita de maneira exagerada e fugindo de conceitos técnicos, para individualizar e priorizar sua atuação ou a instituição onde atua ou tem interesse pessoal;

b) Utilização da mídia, pelo médico, para divulgar métodos e meios que não tenham reconhecimento científico;

c) A adulteração de dados estatísticos visando beneficiar-se individualmente ou à instituição que representa, integra ou o financia;

d) A apresentação, em público, de técnicas e métodos científicos que devem limitar-se ao ambiente médico;

e) A veiculação pública de informações que possam causar intranquilidade, pânico ou medo à sociedade;

f) Usar de forma abusiva, enganosa ou sedutora representações visuais e informações que possam induzir a promessas de resultados.

Artigo 10

Nos trabalhos e eventos científicos em que a exposição de figura de paciente for imprescindível, o médico deverá obter prévia autorização expressa do mesmo ou de seu representante legal.

Artigo 11

Quando da emissão de documentos médicos, os mesmos devem ser elaborados de modo sóbrio, impessoal e verídico, preservando o segredo médico.

Parágrafo 1º: Os documentos médicos poderão ser divulgados por intermédio do Conselho Regional de Medicina, quando o médico assim achar conveniente.

Parágrafo 2º: Os documentos médicos, nos casos de pacientes internados em estabelecimentos de saúde, deverão, sempre, ser assinados pelo médico assistente e subscritos pelo diretor técnico médico da instituição ou, em sua falta, por seu substituto.

Artigo 12

O médico não deve permitir que seu nome seja incluído em concursos ou similares, cuja finalidade seja escolher o “médico do ano”, “destaque”, “melhor médico” ou outras denominações que visam ao objetivo promocional ou de propaganda, individual ou coletivo.

Artigo 13

Os sites para assuntos médicos deverão obedecer à lei, às resoluções normativas e ao Manual da Codame.

Artigo 14

Os Conselhos Regionais de Medicina manterão, conforme os seus Regimentos Internos, uma Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos (Codame) composta, minimamente, por três membros.

Artigo 15

A Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos terá como finalidade:

a) Responder a consultas ao Conselho Regional de Medicina a respeito de publicidade de assuntos médicos;

b) Convocar os médicos e pessoas jurídicas para esclarecimentos quando tomar conhecimento de descumprimento das normas éticas regulamentadoras, anexas, sobre a matéria, devendo orientar a imediata suspensão do anúncio;

c) Propor instauração de sindicância nos casos de inequívoco potencial de infração ao Código de Ética Médica;

d) Rastrear anúncios divulgados em qualquer mídia, inclusive na internet, adotando as medidas cabíveis sempre que houver desobediência a esta resolução;

e) Providenciar para que a matéria relativa a assunto médico, divulgado pela imprensa leiga, não ultrapasse, em sua tramitação na comissão, o prazo de 60 (sessenta) dias.

Artigo 16

A presente resolução e o Manual da Codame entrarão em vigor no prazo de 180 dias, a partir de sua publicação, quando será revogada a Resolução CFM nº 1.701/03, publicada no DOU nº 187, Seção I, páginas 171-172, em 26 de setembro de 2003, e demais disposições em contrário

Considerações Finais

Como fica evidente, o Conselho Federal de Medicina se debruça sobre a matéria da regulação da publicidade médica e dispõe pareceres bem específicos sobre o que pode, o que não pode e o que deve acontecer em casos omissos à Norma.

De qualquer maneira, planejar Marketing Médico deve levar em consideração a ética e o decoro profissional, não apenas por motivos de classe e concorrência, porém assim leva em conta a motivação de esclarecer, educar e conscientizar as pessoas nos assuntos da saúde.

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2 comentários em “Código da Publicidade Médica: como divulgar corretamente por meio do marketing médico?”

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